ONU e OIT: Desafios do futuro do trabalho são prioritários para agenda de cooperação na América Latina e no Caribe

Coordenadoras e Coordenadores Residentes das Nações Unidas e Representantes da OIT na região iniciaram hoje, em Lima, uma reunião de dois dias para identificar oportunidades para promover o trabalho decente como um componente essencial da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável

Notícias | 17 de Setembro de 2019
ONU e OIT reafirmaram seu compromisso com o cumprimento da Agenda 2030
Lima - A região da América Latina e do Caribe atravessa um momento de crescimento econômico lento que pode gerar maior desemprego e informalidade e que torna necessário considerar a promoção do trabalho decente como uma questão prioritária da agenda de cooperação para o desenvolvimento sustentável na região, disseram representantes do Escritório da Coordenação de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDCO) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), reunidos hoje (17), na capital do Peru, Lima.

A primeira reunião entre as Coordenadoras e os Coordenadores Residentes da ONU e os Diretores dos Escritórios da OIT na América Latina e no Caribe, com a participação de especialistas técnicos e de representantes de outras organizações da ONU, foi convocada com o objetivo de fortalecer a colaboração interagencial para melhor responder às necessidades dos países.

O diálogo sobre "Trabalho decente e crescimento econômico no contexto do futuro do trabalho" começou com uma série de intervenções destacando a necessidade de adotar medidas para apoiar os países no cumprimento dos objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

"O trabalho decente é muito mais do que um emprego, é um componente essencial da Agenda 2030 para alcançar um desenvolvimento sustentável que permita eliminar a pobreza sem deixar ninguém para trás", destacou o diretor-geral adjunto de Operações de Campo e Parcerias da OIT, Moussa Oumarou, que abriu a reunião em Lima.

Oumarou destacou a importância de abordar a questão do futuro do trabalho, representado pelo impacto das tecnologias, das mudanças climáticas e demográficas, além dos desafios de um presente caracterizado por alto desemprego, informalidade, desigualdades, persistência do trabalho infantil e do trabalho forçado, entre outros temas.

Segundo dados da OIT divulgados durante a reunião, a taxa de 8% de desemprego na América Latina e no Caribe é a mais alta na região em uma década e pode aumentar, dado que, de acordo com a CEPAL, a região teria um baixo crescimento de 0,5% em 2019, cifra inferior à taxa de 0,9% registrada no ano passado, quando o crescimento já era considerado moderado e com pouco impacto no mercado de trabalho.  Também será difícil reduzir a informalidade que afeta 50% das trabalhadoras e dos trabalhadores na região, ou seja, cerca de 140 milhões de pessoas.

"Estamos vivendo um momento de alta complexidade na América Latina e no Caribe", disse o diretor regional do UNDCO, Christian Salazar, que discursou na abertura da reunião em nome das Coordenadoras e dos Coordenadores Residentes das Nações Unidas. Ele destacou a importância de revitalizar a cooperação em um momento no qual não se busca apenas avançar no desenvolvimento sustentável, mas também "evitar retrocessos".

"Necessitamos trabalhar juntos, necessitamos nos alinhar melhor para abordar os temas de trabalho e economia", disse Salazar, acrescentando que esta sinergia poderia ser obtida por meio de “um conhecimento coletivo que podemos contribuir para apoiar os países em processos coletivos para promover o trabalho decente e o crescimento inclusivo

Ele acrescentou que é essencial lidar com questões do mundo do trabalho que não podem ser deixadas de fora da agenda do desenvolvimento sustentável e citou como exemplo o emprego de jovens, que enfrentam um desemprego três vezes maior do que os adultos, alta informalidade de 60% e dificuldade de inserção no mercado de trabalho para os 20% que não estudam nem trabalham.

Durante a reunião, também foi levantada a importância de considerar, nas atividades de colaboração entre agências, a estrutura única da OIT, uma instituição tripartite na qual os 187 Estados-membros são representados por governos e organizações de empregadores e trabalhadores.

Observou-se também que, na segunda-feira passada, em Nova York, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) aprovou uma nova resolução destacando a importância da Declaração do Centenário da OIT sobre o Futuro do Trabalho, adotada em junho por seus delegados tripartites. A AGNU instou as agências, os fundos e os programas da ONU a incorporarem o trabalho decente em suas atividades programáticas e a considerarem a inclusão de alguns de seus componentes nos Quadros de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (UN Sustainable Development Cooperation Frameworks).

A agenda da reunião de dois dias inclui uma análise de questões como o impacto das Normas Internacionais de Trabalho da OIT, tripartismo, os objetivos de promoção do emprego, proteção social e qualificação profissional, assim como as prioridades que servem como um guia para a colaboração entre agências no Sistema das Nações Unidas.

Participaram também da abertura do evento, o vice-ministro do Trabalho e da Promoção do Emprego do Peru, Javier Palacios, o representante das organizações de trabalhadores da CSI-CSA, Cicero Pereira da Silva, o representante dos empregadores no Conselho de Administração da OIT, Alberto Echavarría Saldarriaga e, por videoconferência, o secretário executivo adjunto da CEPAL, Mario Cimoli, e o diretor regional do PNUD, Luis Felipe López-Calva.


Leia mais