COVID-19: Estimulando a economia e a procura de emprego

Comunicado de imprensa | 17 de Abril de 2020
As respostas à COVID-19 devem ser baseadas na solidariedade humana, diz a OIT ao Banco Mundial e ao FMI.

Nas propostas às Reuniões da Primavera do FMI e do Banco Mundial, o diretor-geral da OIT traçou um plano baseado em quatro pilares de respostas políticas à crise da COVID-19. As respostas devem ser centradas nas pessoas e baseadas na solidariedade global.

O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, pediu uma resposta imediata centrada nas pessoas através da solidariedade global à pandemia da COVID-19.


Em declarações escritas às Reuniões da Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), Ryder descreveu a dimensão humana da pandemia como devastadora e os seus efeitos combinados ao nível da saúde, social e económico como a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial.

Instou o FMI e o Banco Mundial a concentrarem a sua resposta em "prestar socorro imediato a trabalhadores/as e empresas, a fim de proteger os negócios e meios de subsistência, particularmente nos setores mais afetados e nos países em desenvolvimento". Guy Ryder afirmou que deve ser dada prioridade ao impacto sobre as pequenas empresas, trabalhadores e trabalhadoras sem proteção e da economia informal.

"A crise pôs a descoberto os enormes déficits de trabalho digno que ainda prevalecem em 2020 e mostrou como estão vulneráveis milhões de trabalhadores e trabalhadoras quando uma crise ocorre". Guy Ryder, diretor-geral da OIT.

De acordo com a última edição da Monitorização da OIT: COVID-19 e o mundo do trabalho, 81% da força de trabalho global (2,7 mil milhões de trabalhadores/as) vivem em países onde foram decretados encerramentos obrigatórios ou recomendados. Também mostra que o horário de trabalho diminuirá em 6,7% no segundo trimestre de 2020, o que equivale à perda de 195 milhões de empregos a tempo completo.

Guy Ryder instou o Comité Monetário e Financeiro Internacional (IMFC) e o Comité de Desenvolvimento (DC) a apoiar as quatro respostas políticas que se interrelacionam entre si.

Em primeiro lugar, estimular a economia e a procura de emprego, usando as ferramentas orçamentais e monetárias disponíveis e o alívio da dívida. O investimento público nos sistemas de saúde seria duplamente eficaz como uma contribuição crucial para vencer a pandemia e criar empregos dignos.

Em segundo lugar, fornecer assistência imediata para manter as empresas, preservar empregos e apoiar os rendimentos. Nesse contexto, Guy Ryder destacou a especial necessidade de investir em medidas de proteção social que podem ajudar a mitigar os piores choques da crise enquanto atuam como um estabilizador económico.

Em terceiro lugar, garantir proteção adequada para todas aquelas pessoas que continuam a trabalhar durante a crise. Isso exige garantias de segurança e saúde no local de trabalho, condições de trabalho devidamente adequadas e planeadas, como o télétrabalho e o acesso a subsídio por doença.

Quarto, fazer o pleno uso do diálogo social entre governos e organizações de trabalhadores e empregadores, que já comprovou no passado que pode gerar soluções eficazes, práticas e equitativas para o tipo de desafios que o mundo do trabalho enfrenta atualmente.

"Devemos ter como ambição reconstruir melhor para que os nossos novos sistemas sejam mais seguros, mais justos e mais sustentáveis do que aqueles que permitiram o surgimento desta crise, e mais eficazes para amortecer as consequências de futuras crises nas pessoas em todo o mundo". Guy Ryder.

" A crise pôs a descoberto os enormes déficits de trabalho digno que ainda prevalecem em 2020 e mostrou como estão vulneráveis milhões de trabalhadores e trabalhadoras quando uma crise ocorre ", disse Guy Ryder, referindo a existência de lacunas a nível da cobertura da proteção social, as situações precárias de muitas pequenas empresas e pontos fracos nas cadeias de abastecimento mundiais. O diretor-geral da OIT instou o FMI e o Banco Mundial a resistir às pressões por austeridade e consolidação orçamental que possam vir aos primeiros sinais de melhoria económica e impedir a recuperação plena e sustentável.

A crise mostrou que hábitos e comportamentos podem mudar, disse Ryder, apontando para a potencial queda de 4% nas emissões globais de carbono em 2020 por causa do confinamento.

"Devemos ter como ambição reconstruir melhor para que os nossos novos sistemas sejam mais seguros, mais justos e mais sustentáveis do que aqueles que permitiram o surgimento desta crise, e mais eficazes para amortecer as consequências de futuras crises nas pessoas em todo o mundo", afirmou em conclusão Guy Ryder.

17.04.2020

OIT-Lisboa