Trabalho decente
Canal Àwúre promove debate sobre o trabalho escravo no Brasil
No dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, 28 de janeiro, o primeiro debate virtual do ano promovido pelos Diálogos Àwúre apresentou números e formas de ajudar a combater a escravidão moderna no país.

Para debater esse problema, o evento online contou com a participação da procuradora e coordenadora nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, do Ministério Público do Trabalho (MPT), Dra. Lys Sobral Cardoso, e do jornalista e diretor da ONG Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, e com a apresentação e mediação da jornalista Rita Batista.
Em todo o mundo, mais de 25 milhões de pessoas, incluindo mulheres e crianças, são vítimas do trabalho análogo à escravidão. Dados globais da OIT mostram que essa prática gera U$ 150,2 bilhões anuais em lucros ilegais.
No Brasil, em 2018, o MPT registrou 1.127 denúncias de trabalho análogo à escravidão. Em 2019, foram 1.213 casos e no ano passado, só até julho, foram 1.496 denúncias de trabalho escravo contemporâneo.
A crise causada pela pandemia da COVID-19 só tende a agravar esse cenário, com o aumento do desemprego, da desigualdade e da pobreza. No entanto, seus efeitos impactam de forma ainda mais severa migrantes, refugiados (as), negras (os), pessoas com empregos menos protegidos, que trabalham em condições de informalidade ou se encontram em situação de exclusão socioeconômica
“A pandemia aumentou a vulnerabilidade das pessoas e isso para a exploração do trabalho escravo traz consequências terríveis. ” ,disse a Dra. Lys Sobral Cardoso,
Ela explicou que o MPT criou protocolos para manter as operações de resgate durante a pandemia, por causa do aumento de casos de pessoas submetidas ao trabalho análogo ao escravo.
“E, atualmente, está acontecendo uma grande operação, a operação Resgate, do MPT, em conjunto com a Polícia Federal e outros órgãos estaduais, que só nesta última semana (de 21 a 28 de janeiro) já resgatou 118 pessoas que eram mantidas em situação análoga à escravidão. ”
Por sua vez, Sakamoto chamou a atenção também para a relação direta entre o trabalho infantil e o trabalho escravo.
“Precisamos criar condições para que as famílias consigam deixar seus filhos na escola ou essas crianças se tornam vítimas mais vulneráveis do trabalho escravo contemporâneo. ”, disse ele.
A live exibiu uma mensagem em vídeo do diretor regional da OIT para América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro: “ É difícil imaginar que em pleno século 21 ainda estejamos falando de combate ao trabalho escravo, mas nas últimas décadas, mais de 55 mil pessoas foram resgatadas de condições de trabalho análogas à escravidão no Brasil. ”
O evento virtual Diálogos Àwúre é uma ação do Canal Àwúre, uma iniciativa audiovisual realizada conjuntamente pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com o propósito de promover o respeito pela identidade, diversidade e pluralismo de comunidades tradicionais, incluindo povos indígenas, negros, quilombolas e de praticantes das religiões de matriz africana, para combater a discriminação, a intolerância e o racismo. Lançado em novembro de 2019, o canal é um importante espaço aberto para denúncias e é usado para o fortalecimento dessas comunidades
A live está disponível no Canal Àwúre, no YouTube, e trouxe também formas de denunciar o trabalho escravo. Se você conhece alguém que é vítima de trabalho análogo à escravidão, não se cale. Denuncie!
Pelo site do MPT: www.mpt.mp.br
App MPT Pardal
Disque 100 ou 180
Denuncie pelo Sistema Ipê: https://ipe.sit.trabalho.gov.br