COVID-19: Situação atual

Por que os mercados de trabalho são importantes?

A Grande Recessão e outras crises mostraram que só podemos evitar o risco de um ciclo descendente vicioso por meio de medidas políticas coordenadas e decisivas em larga escala.

Artigo | 18 de Março de 2020
A pandemia de COVID-19, que já infectou quase 170.000 pessoas em 148 países, resultando em mais de 6.500 mortes1 , tem o potencial para atingir uma grande proporção da população global. Algumas estimativas sugerem que 40-70% da população do mundo poderia ser infectada.2

A crise já se transformou em um choque econômico e do mercado de trabalho, afetando não apenas a oferta (produção de bens e de serviços), mas também a demanda (consumo e investimento). As interrupções na produção, inicialmente na Ásia, agora se espalharam pelas cadeias de suprimentos em todo o mundo. Todas as empresas, independentemente do tamanho, estão enfrentando sérios desafios, especialmente as nas indústrias de aviação, turismo e hotelaria, com uma ameaça real de declínios significativos nas receitas, insolvências e perda de empregos em setores específicos. A manutenção das operações comerciais será particularmente difícil para as pequenas e médias empresas (PMEs).Após proibições de viagens, fechamento de fronteiras e medidas de quarentena, muitas(os) trabalhadoras(es) não podem ir para seus locais de trabalho ou realizar seus trabalhos, o que tem efeitos indiretos sobre a renda, principalmente para pessoas com trabalhos informais e empregadas casualmente. As(os) consumidoras(es) em muitas economias são incapazes de ou estão relutantes em comprar bens e serviços. Dado o atual ambiente de incerteza e medo, as empresas provavelmente adiarão investimentos, compras de bens e contratação de mão de obra.

As perspectivas para a economia e a quantidade e a qualidade do emprego estão se deteriorando rapidamente. Embora as previsões atualizadas variem consideravelmente – e, em sua maioria, subestimam a situação -, todas elas apontam para um impacto negativo significativo na economia global, pelo menos no primeiro semestre de 2020.3 Esses números preocupantes mostram sinais crescentes de uma recessão econômica global.

São necessárias respostas políticas rápidas e coordenadas em nível nacional e global, com forte liderança multilateral, para limitar os efeitos diretos de saúde da COVID-19 sobre as(os) trabalhadoras(es) e suas famílias, ao passo que mitigam as consequências econômicas indiretas na economia global. Proteger as(os) trabalhadoras(es) e suas famílias do risco de infecção precisa ser uma prioridade. Medidas do lado da demanda para proteger as pessoas que enfrentam perdas de renda por causa de infecção ou atividade econômica reduzida são essenciais para estimular a economia. A proteção de renda também mitiga os desincentivos contra a divulgação de infecções em potencial, especialmente entre grupos de trabalhadoras(es) de baixa renda e já em desvantagem.

Também são necessárias reformas institucionais e políticas mais profundas para fortalecer a recuperação liderada pela demanda e criar resiliência por meio de sistemas robustos e universais de proteção social que podem atuar como estabilizadores econômicos e sociais automáticos frente a crises. Isso também ajudará a restaurar a confiança nas instituições e nos governos.

O diálogo social tripartite entre governos e organizações de trabalhadores e de empregadores é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento e implementação de soluções sustentáveis, desde o nível comunitário até o global. Isso requer organizações de parceiros sociais fortes, independentes e democráticas.

A Grande Recessão e outras crises mostraram que só podemos evitar o risco de um ciclo descendente vicioso por meio de medidas políticas coordenadas e decisivas em larga escala.


Informações atualizadas em 16 de março; Johns Hopkins University Center for Systems Science Engineering Dashboard .

Baldwin, R. y B.W. Di Mauro 2020. Economics in the Time of Covid-19. CEPR. 

 Por exemplo, UNCTAD .