Formação profissional para o Futuro do Trabalho: conferência no Uruguai debate desafios para a região da América Latina e Caribe

A principal reunião sobre formação profissional na região acontece esta semana em Montevidéu com mais de 200 delegados de 20 países convocados pela OIT / Cinterfor para enfrentar os desafios colocados pelo presente e futuro do trabalho, incluindo a necessidade de formar recursos humanos para ocupações que ainda não existem

Notícias | 6 de Agosto de 2019
Montevidéu - A necessidade de promover a transformação e a inovação na formação de talento humano na América Latina e no Caribe, a fim de responder aos desafios do presente e do futuro do trabalho,será abordada pelas principais instituições de formação profissional da região durante a 44a. Reunião da Comissão Técnica da OIT/Cinterfor (Centro Interamericano para o Desenvolvimento do Conhecimento na Formação Profissional), que acontece de 6 a 8 de agosto, na capital do Uruguai.  Mais de 200 representantes de 50 instituições oriundas de 20 países são esperados para debates, compartilhamento de experiências e identificação de oportunidades de colaboração.

"Nunca antes a formação profissional ocupou um lugar tão proeminente", disse o Diretor da OIT/Cintefor, Enrique Deibe, referindo-se ao fato de que a formação profissional tornou-se uma peça chave tanto para enfrentar os desafios do futuro, como para resolver os desafios estruturais dos mercados de trabalho.

"O tema central do debate é como adaptar os processos de formação profissional às novas necessidades do mercado de trabalho", acrescentou ele.

Um relatório elaborado pela OIT/Cinterfor para a reunião destaca que, embora exista uma vasta experiência em matéria de formação profissional na região, novos desafios relacionados ao futuro do trabalho tornam imperativo que “a mudança e a inovação sejam consideradas entre os mandatos mais importantes da região”.

Um desses desafios é abordar a "lacuna de habilidades" existente na região, que se manifesta não apenas pelos desajustes atuais entre oferta e demanda no mercado de trabalho, mas também pela "pronta desatualização das competências" como resultado das rápidas transformações verificadas no mundo do trabalho.

"Nos tempos atuais, as instituições de formação profissional são desafiadas,não apenas a responder rapida e efetivamente às demandas existentes, mas também a ter mecanismos para antecipar demandas" de recursos humanos, disse Deibe.

Isso incluiria a necessidade de apoiar a existência de qualificações mais apropriadas para responder aos desafios do futuro do trabalho e a requalificação de trabalhadores e de trabalhadoras, que permitam manter a inserção das pessoas nos mercados de trabalho por meio de iniciativas de aprendizagem permanente e de educação ao longo da vida.

Deibe destacou ainda que será necessário agir de forma rápida para fazer frente a um futuro que demandará capacidades de treinamento para atender a "muitos empregos que ainda não existem".
Ele antecipou que a reunião de Montevidéu permitirá também promover um intercâmbio de experiências internacionais, compartilhar informação sobre novas metodologias de aprendizagem e de formação, além de novas práticas pedadógicas.

Na América Latina e no Caribe existem cerca de 10.100 centros de formação profissional. Embora o número seja relevante, as instituições responsáveis enfrentam o desafio de melhorar a cobertura, para chegar a locais de difícil acesso, diversificar a oferta e melhorar a qualidade do conhecimento transmitido. Ao mesmo tempo, é importante salientar que as instituições de formação profisisonal devem desempenhar um papel de liderança para abordar desafios como o de promover maior equidade nos mercados de trabalho e de maior igualdade de gênero, abordar o desafio do aumento da imigração e melhorar as oportunidades dos jovens para o ingresso no mercado de trabalho.

É importante considerar o talento humano como um fim e, ao mesmo tempo, como meio de promover o desenvolvimento na América Latina e no Caribe”, acrescentou o diretor da OIT/Cinterfor.  Deibe também enfatizou que um componente essencial da formação profissional é o diálogo social, que faz parte dos esquemas de governança das instituições, e por meio do qual busca-se que o desenho das políticas de treinamento “atenda aos critérios de qualidade, relevância, equidade e sustentabilidade ”.