Saúde e segurança no teletrabalho

Comunicado de imprensa | 3 de Fevereiro de 2022
Trabalhadora sorridente ao telefone.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apelaram à adoção de medidas para proteger a saúde dos trabalhadores durante o teletrabalho.

Uma nova nota técnica sobre teletrabalho saudável e seguro [HEALTHY AND SAFE TELEWORK TECHNICAL BRIEF], publicado pelas duas agências da ONU, descreve os benefícios e riscos para a saúde do teletrabalho e as mudanças necessárias para acomodar a mudança para diferentes formas de organização do trabalho à distância provocada pela pandemia da COVID-19 e a transformação digital do trabalho.

Entre os benefícios, de acordo com o documento, estão um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, oportunidades para horários de trabalho flexíveis e atividade física, redução do tráfego e do tempo de deslocação, e uma diminuição da poluição atmosférica - tudo isto pode melhorar a saúde física e mental e o bem-estar social. O teletrabalho também pode levar a uma maior produtividade e a custos operacionais mais baixos para muitas empresas.

"Nos quase dois anos desde o início da pandemia, tornou-se muito claro que o teletrabalho pode facilmente trazer benefícios para a saúde e pode também ter um impacto terrível".Dra. Maria Neira, Directora, Departamento do Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde, OMS.

No entanto, o documento adverte que sem um planeamento adequado, organização e um apoio no que se refere à saúde e segurança, o impacto do teletrabalho na saúde física e mental e no bem-estar social dos trabalhadores e das trabalhadoras pode ser significativo. Pode levar ao isolamento, burnout, depressão, violência doméstica, lesões músculo-esqueléticas e outras, tensão ocular, aumento do tabagismo e do consumo de álcool, tempo excessivo sentado em frente de um écran e aumento de peso.

A nota técnica descreve o papel que os governos, empregadores, trabalhadores e serviços de saúde no local de trabalho devem desempenhar na promoção e proteção da saúde e segurança durante o teletrabalho.

"A pandemia levou a uma vaga de teletrabalho, mudando efetivamente a natureza do trabalho praticamente de um dia para o outro para muitos trabalhadores", segundo afirmou a Dra. Maria Neira, Diretora, Departamento do Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde da OMS. "Nos quase dois anos desde o início da pandemia, tornou-se muito claro que o teletrabalho pode facilmente trazer benefícios para a saúde e pode também ter um impacto terrível. Para qual dos lados pende o pêndulo da balança depende inteiramente da colaboração entre governos, empregadores e trabalhadores e da existência de serviços de saúde ocupacional ágeis e inventivos para pôr em prática políticas e práticas que beneficiem tanto os trabalhadores como o trabalho".

"À medida que nos afastamos deste 'padrão transitório' para nos instalarmos num novo normal, temos a oportunidade de incorporar novas políticas, práticas e normas de apoio para assegurar que milhões de teletrabalhadores tenham um trabalho saudável, feliz, produtivo e digno".

"O teletrabalho e particularmente o trabalho híbrido (teletrabalho parcial) estão aqui para ficar e podem aumentar após a pandemia, uma vez que tanto as empresas como os indivíduos experimentaram a sua viabilidade e benefícios", afirmou Vera Paquete-Perdigão, Diretora do Departamento de Governação e Tripartismo da OIT.

As medidas que devem ser postas em prática pelos empregadores consistem em assegurar que os trabalhadores e as trabalhadoras recebem equipamento adequado para completar as tarefas do trabalho; fornecer informação relevante, diretrizes e formação para reduzir o impacto psicossocial e mental do teletrabalho; formar para a gestão eficaz dos riscos, liderança à distância e promoção da saúde no local de trabalho; e estabelecer o "direito a desligar" e dias de descanso suficientes. Os serviços de saúde ocupacional devem ser capacitados para fornecer apoio ergonómico, de saúde mental e psicossocial às pessoas em teletrabalho que utilizam tecnologias de telesaúde digital, de acordo com a nota técnica.

O documento apresenta recomendações práticas para a organização do teletrabalho de modo a satisfazer as necessidades tanto dos trabalhadores como das organizações. Estas incluem discutir e desenvolver planos individuais de teletrabalho e clarificar prioridades; clareza sobre prazos e resultados esperados; acordar num sistema comum para sinalizar a disponibilidade para o trabalho; e assegurar que a gestão e colegas respeitem o sistema.

As empresas com pessoal em teletrabalho devem desenvolver programas especiais de teletrabalho, combinando medidas para a gestão do trabalho e desempenho com tecnologias de informação e comunicação e equipamento adequado. E, ainda, serviços de saúde ocupacional para a saúde geral, apoio ergonómico e psicossocial.

03.02.2022
OIT-Lisboa