GENEBRA – Enquanto bilhões de pessoas se preparam para a abertura da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, em 12 de junho, a Organização Internacional do Trabalho – a agência das Nações Unidas para o mundo do trabalho – lança a edição 2014 de sua Campanha Cartão Vermelho ao Trabalho Infantil.

Há 168 milhões de crianças envolvidas em trabalho infantil em todo o mundo. A OIT usará o símbolo do cartão vermelho para indicar que o trabalho infantil é inaceitável. A campanha Cartão Vermelho foi inicialmente lançada para coincidir com a Copa das Nações Africanas, de 2002, e chamou a atenção para o uso do trabalho infantil na indústria da costura de bolas de futebol, que veio à luz durante a Copa da UEFA, de 1996.

Trabalho perigoso

Cerca de metade das crianças envolvidas em trabalho infantil simplesmente são jovens demais para trabalhar. A maioria das crianças em trabalho infantil desempenham trabalho não remunerado na agricultura familiar. E 85 milhões de crianças entre 5 e 17 anos estão trabalhando na agricultura, em minas e na manufatura em atividades que colocam sua saúde e segurança, e às vezes até mesmo suas vidas, em perigo. Milhões de crianças trabalhadoras estão envolvidas em trabalho doméstico. Outras, são vítimas da exploração sexual comercial, são exploradas pelo tráfico de drogas ou mendigam nas ruas. Cerca de 5,5 milhões de crianças se encontram em condições de escravidão moderna, incluindo vítimas de tráfico humano e crianças forçadas a empunharem armas, como soldados de exércitos governamentais ou milícias privadas.

“Sabemos o que funciona na eliminação do trabalho infantil. Houve avanços. O número de crianças no trabalho infantil está caindo mais rapidamente do que antes, portanto, não há desculpas para não intensificarmos nossos esforços. A campanha Cartão Vermelho ao Trabalho Infantil começou vinculando o futebol ao direito da criança de brincar. E é por isso que estamos relançando a campanha para coincidir com a abertura da Copa do Mundo da FIFA Brasil, que acontecerá exatamente no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil – 12 de junho”, disse Corinne Vargha, Diretora do Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) da OIT.

Lançamento mundial

Uma nova música, escrita por Mike Einziger, músico indicado para o Grammy, e a internacionalmente conhecida violonista Ann Marie Simpson, será divulgada em 12 de junho.
Dela participam vários artistas mundialmente conhecidos, comprometidos com a causa, incluindo Travis Barker, baterista do Blink-182; Minh Dang, ativista e sobrevivente do tráfico de pessoas; Dominic Lewis, compositor; LIZ, cantora pop de R&B; Pharrell Williams, cantor/produtor vencedor do Grammy; e Hans Zimmer, compositor e vencedor do Oscar de melhor trilha sonora.

“Esperamos que esta música inspire as pessoas a se unirem ao movimento global contra o trabalho infantil e a agirem para fazer a diferença nas vidas das crianças trabalhadoras,” disse Marcia Poole, Diretora de Comunicação da OIT.

O lançamento da campanha também vai incluir um evento no Rio de Janeiro, onde mais de mil pessoas irão se reunir para formar um cata-vento humano gigante – o símbolo do IPEC – tendo como pano de fundo o Pão de Açúcar.

E em Nova York, as telas gigantes da Times Square irão mostrar mensagens da campanha ao longo do dia, convidando os passantes a unir-se à luta contra o trabalho infantil.

Para maiores informações sobre a campanha, acesse ilo.org/cartaovermelho

Trabalho Infantil: Fatos e números

O número de crianças em situação de trabalho infantil em todo o mundo diminuiu em um terço desde o ano 2000, passando de 246 milhões para 168 milhões de crianças. Mais da metade – 85 milhões – encontram-se em trabalho perigoso (em comparação com 171 milhões, em 2000). A Ásia e o Pacífico ainda têm os maiores números (quase 78 milhões ou 9,3% da população de crianças), mas a África Subsaariana continua sendo a região com a maior incidência de trabalho infantil (59 milhões, ou seja, mais de 21%). Há 13 milhões (8,8%) de crianças em trabalho infantil na América Latina e no Caribe e no Oriente Médio e no Norte da África há 9,2 milhões (8,4%). A agricultura continua sendo, de longe, o setor em que são encontradas mais crianças trabalhadoras (98 milhões ou 59%), mas o problema também não pode ser ignorado no setor de serviços (54 milhões), nem na indústria (12 milhões), sendo que a maioria atua na economia informal. Entre as meninas, o trabalho infantil caiu 40% desde 2000, em comparação com 25% para os meninos. Source: Marking progress against child labour - Global estimates and trends 2000-2012 (ILO-IPEC, 2013).