Pesquisa inédita apresenta orientações sobre demandas futuras de formação profissional no setor têxtil brasileiro

Lançada pela OIT e pelo SENAI, pesquisa fornece informações e apoio técnico ao setor para projetar e implementar estratégias de formação profissional que permitam desenvolver as habilidades necessárias para o crescimento das indústrias, garantindo que as trabalhadoras e os trabalhadores tenham acesso a empregos decentes e produtivos no pós-pandemia.

Notícias | 23 de Dezembro de 2021
Brasília - A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) publicaram a inédita "Pesquisa sobre a demanda futura de formação profissional no setor têxtil no Brasil", que reúne um conjunto de recomendações sobre formação profissional para o setor têxtil, frente aos desafios tecnológicos e organizacionais no pós-pandemia.

O objetivo da publicação é fornecer apoio técnico aos parceiros do setor para projetar e implementar estratégias de formação profissional que lhes permitam desenvolver as habilidades necessárias para o sucesso e o crescimento das indústrias, garantindo ao mesmo tempo que as trabalhadoras e os trabalhadores tenham acesso a empregos decentes e produtivos.

No Brasil, o setor têxtil e de confecção é o segundo maior empregador da indústria de transformação no país, gerando cerca de 1,5 milhão de empregos diretos, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Em todo o país, o número de empresas formais chega a 25,2 mil. Na comparação internacional, o país abriga a sexta maior indústria têxtil do mundo.

O trabalho é o resultado de um amplo processo de diálogo social desenvolvido desde 2020 entre a OIT, governo e organizações de trabalhadores e de empregadores, para fazer frente ao um desafio latente e imediato colocado em evidência pela pandemia.

O ponto de partida do projeto foi a aplicação do Modelo Senai de Prospectiva ao setor têxtil brasileiro, que buscou identificar os cenários e as tendências das mudanças tecnológicas e organizacionais para os próximos 5, 10 e 15 anos, os impactos dessas mudanças nos perfis profissionais atuais (conhecimentos, habilidades e capacidades) de determinadas ocupações, e que novos tipos de profissionais serão necessários para as empresas têxteis brasileiras.

O passo seguinte foi a formação de um grupo de trabalho tripartite, reunindo representantes da OIT, do Senai, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério da Economia, da Abit e da Central Única de Trabalhadores (CUT) e academia, com o objetivo debater as recomendações sobre a demanda futura de formação profissional para o setor.

Ao todo, foram compiladas 138 recomendações que tratam do futuro do trabalho do setor têxtil, especificamente, quais serão as exigências em termos de qualificação profissional para o setor no futuro. As recomendações são direcionadas às instituições de formação profissional, governo federal, associações setoriais, sindicatos de trabalhadores, indústria têxtil, dentre outros.

As recomendações ou propostas de ação desenvolvidas por representantes do governo, de empregadores e de trabalhadores do Brasil serão compartilhadas em uma plataforma Sul-Sul, facilitando a disseminação de boas práticas e a transferência de conhecimentos com outros países em desenvolvimento.

Futuro do trabalho no setor têxtil


Em 2019, a OIT publicou um estudo global sobre o futuro do trabalho nos setores têxtil e de vestuário, couro e calçados, que examina os impactos dos avanços tecnológicos, da globalização e das mudanças climáticas e demográficas sobre o trabalho decente no setor. O estudo elaborou ainda diferentes cenários sobre o futuro do trabalho em países com distintos níveis de desenvolvimento, tecnologia e renda.

Independentemente de como esses cenários se desenrolem, a formação profissional é um componente essencial para lidar com os desafios e as oportunidades do futuro do trabalho. Novas competências serão essenciais para garantir que empresas, trabalhadores e trabalhadoras possam se adaptar às novas tecnologias, aos novos materiais e à crescente necessidade de fabricação de produtos de forma ambientalmente sustentável e com responsabilidade social. O tema da formação profissional é ainda tratado pela Convenção da OIT sobre Política de Emprego, 1964 (Nº 122 ), que destaca a importância de uma política ativa de emprego destinada a fomentar o pleno emprego, os quais devem ser produtivos e livremente escolhidos.

Disponível também em espanhol e em inglês, a pesquisa foi desenvolvida no escopo de dois projetos globais da OIT, Projeto de Cooperação Sul-Sul Algodão com Trabalho Decente e Projeto sobre o Futuro do Trabalho nos Setores Têxtil e de confecções, implementados em colaboração com o governo e entidades representativas de empregadores e trabalhadores no Brasil, na Etiópia e na Jordânia.