OIT, MPT e Ministério da Economia lançam Projeto de Aprendizagem Profissional Inclusiva para jovens na cidade de Cristalina, Goiás

Programa visa promover oportunidades de acesso ao trabalho decente e produtivo para jovens em situação de vulnerabilidade socioeducacional

Notícias | 4 de Dezembro de 2019
Lançamento do Projeto Piloto de Aprendizagem Profissional Inclusiva na cidade de Cristalina, em Goiás (Foto: OIT Brasil)
Brasília – A Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério da Economia (ME) lançaram nesta quarta-feira (4) o Projeto Piloto de Aprendizagem Profissional Inclusiva (API) na cidade de Cristalina, em Goiás.  O Programa visa promover oportunidades de acesso ao trabalho decente e produtivo para jovens em situação de vulnerabilidade socioeducacional e está alinhando com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de não deixar ninguém para trás.

A primeira turma de aprendizes conta com 18 jovens de 15 a 21 anos matriculados na Rede Municipal de Educação, que terão acesso a vagas de trabalho ofertadas pelas empresas que aderirem ao Projeto Piloto API. Com isso, o projeto busca ajudar jovens na transição da escola para o ingresso no primeiro emprego no mercado formal de trabalho.

"Estamos inaugurando um projeto de grande sucesso tanto na vida desses jovens quanto nas cadeias produtivas que irão absorver esses profissionais”, disse o coordenador-geral de Operação  da Subsecretaria de Capital Humano, do Ministério da Economia, Denis Freitas.

O Projeto Piloto insere-se no escopo de um amplo projeto entre a OIT e o MPT para a promoção dos princípios e direitos fundamentais do trabalho.

"A OIT considera que a aprendizagem profissional é uma importante ferramenta de transição entre a escola e o mundo de trabalho, em condições de trabalho decente. Além disso, a aprendizagem é um direito garantido por lei que atua no combate ao trabalho infantil e na promoção do emprego juvenil", disse Anne Phostuma, especialista em Políticas Públicas de Mercado de Trabalho e Emprego da OIT.

“O modelo da API mostra um caminho inovador em termos de políticas públicas para alcançar aquilo que está estabelecido nos ODS de não deixar ninguém para trás", acrescentou ela.

Para a procuradora do MPT Geny Helena Barroso, a aprendizagem profissional possibilita a quebra de um ciclo de exclusão, mediante a profissionalização de jovens e de seu ingresso ao mundo do trabalho como cidadão.

"A aprendizagem não pode ser mais um processo de exclusão para os jovens, ela tem que ser pensada de maneira a incluir o máximo número de pessoas, independentemente de sua condição econômica e social”, disse ela.

Brenda Sobrinho, 18 anos, estudante contratada no escopo do projeto API (Foto: OIT Brasil)
A cidade de Cristalina será o palco do piloto do projeto, que poderá ser ampliado posteriormente para outras cidades. O Prefeito de Cristalina, Daniel Sabino Vaz, destacou a parceria com a empresas no âmbito do projeto.

"A implementação deste projeto será fundamental para os nossos jovens. Queremos agradecer aos empresários por ajudar estes jovens a ingressarem no mercado de trabalho e aprender uma profissão para sua inserção em um mercado cada vez mais competititivo. Esta oportunidade é impar. Os jovens estão tendo a oportunidade de entrar em empresas importantes de nossa cidade.”, disse ele.

"Jovens, é importante que vocês agarrem essa oportunidade. Eu comecei como jovem aprendiz no SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e tive assim oportunidade de ir crescendo e me formando”, contou ele.

“A aprendizagem tem que ser boa para os aprendizes e também para as empresas. Aos aprendizes, digo que estamos focados em investir em vocês”, disse a coordenadora nacional de Aprendizagem da subsecretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério da Economia, Erika Medina Stancioli.

Uma dos jovens beneficiados contratados por empresas que aderiram ao Projeto Piloto API foi Brenda Sobrinho, de 18 anos, que disse estar muito feliz com a oportunidade profissional.

Aprendizagem e o futuro do trabalho - Mudanças demográficas e climáticas, o impacto de novas tecnologias, equidade de gênero, emprego juvenil e a promoção do trabalho decente para todas e todos são alguns dos fenômenos que afetam, diretamente hoje, o mundo do trabalho. Nesse contexto, políticas e programas de prevenção do trabalho infantil e de promoção do emprego juvenil devem ser pensados para apoiar a inserção adequada dos e das jovens no mercado de trabalho formal.

De acordo com a PNAD Contínua, realizada pelo IBGE em 2018, quase 11 milhões de jovens de 15 a 29 anos não estão ocupados no mercado de trabalho e nem estudando ou se qualificando. Esse grupo representa 23% da população do país. Dados recentes da PNAD mostram ainda que, no terceiro trimestre de 2019, o desemprego entre a população jovem de 18 a 24 anos é mais que o dobro da média nacional, totalizando 25,7%. Dessa forma, é imprescindível investir na juventude agora para não perder essa oportunidade única de um crescimento mais sustentável e equitativo.

O Diretor de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de Goiás (Senac), Girsei Severino da Silva, lembrou da importância de própria experiência como aprendiz para o seu desenvolvimento profissional.

"Eu fui um jovem aprendiz, estou há 27 anos no SENAC. Dou este depoimento para que vocês tenham a dimensão da importância deste processo de aprendizagem. Digo aos jovens que se esforcem e aproveitem ao máximo o que este processo tem a oferecer”.

Foto OIt Brasil
Uma aprendizagem professional de qualidade caracteriza-se por combinar a aquisição de experiência profissional aplicada diretamente no local de trabalho e a aprendizagem de conhecimentos aplicados e competências que permitam que os e as aprendizes entendam a lógica inserida nas tarefas exigidas, enfrentem situações não previstas e adquiram habilidades socioemocionais importantes para a conquista de sua autonomia.

Nesse contexto, a API surge como uma vertente da aprendizagem profissional que reconhece a necessidade de desenvolver competências de natureza emocional e mitigar as desigualdades de natureza socioeducacional de jovens em situação de maior vulnerabilidade, estabelecendo como principal estratégia a busca de aperfeiçoamento e adequação da matriz curricular da formação básica.

Para o presidente da Câmara Municipal de Cristalina, Bernardo Fachinello, o "emprego juvenil tem o potencial de transformar a vida destes jovens, melhorando sua qualidade de vida e seu futuro”.

“Agradeço em nome das empresas associadas aos idealizadores deste projeto por escolher nosso municipio e abraçarem a melhoria de nossa comunidade”, disse o presidente da Associação Comercial Agroindustrial de Cristalina (ACAIC), Sérgio Carmona.