OIT, Brasil e Tanzânia se unem para enfrentar desafios na produção do algodão

Iniciativa de Cooperação Sul-Sul entre OIT, Brasil e Tanzânia promoverá o trabalho decente na cadeia produtiva do algodão no país africano.

Notícias | 24 de Janeiro de 2017
Dar es Salaam, Tanzânia – A experiência e as boas práticas brasileiras na promoção do trabalho decente no setor de produção de algodão serão sistematizadas, compartilhadas e adaptadas na Tanzânia. No marco do Programa de Cooperação Sul-Sul entre o Brasil e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), representantes do governo brasileiro e do governo da Tanzânia se reuniram com técnicos da OIT em Dar es Salaam no mês de novembro para uma oficina, seguida de uma visita de campo à cidade de Mwanza, com o objetivo de elaborar de maneira conjunta e tripartite um Projeto-País para fortalecer a capacidade nacional do país africano para responder aos desafios da cadeia produtiva do algodão em termos de trabalho decente.


Os participantes reunidos para a oficina na capital da Tanzânia, Dar es Salaam.

Realizado no âmbito do projeto “Promoção do trabalho decente em países produtores de algodão na África e América Latina”, executado de maneira coordenada entre a OIT, o governo do Brasil e o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), o evento teve como base os princípios da Cooperação Sul-Sul: horizontalidade, solidariedade e não-condicionalidade entre os países em desenvolvimento.

Cerca de 40 pessoas participaram da oficina, entre elas técnicos da OIT dos escritórios de Brasília e de Dar es Salaam. A delegação do governo brasileiro foi composta por representantes da Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério do Trabalho e da Secretaria de Previdência Social do Ministério da Fazenda. Já a delegação da Tanzânia contou com representantes do Escritório do Primeiro Ministro para o Trabalho, Juventude, Emprego e Pessoas com Deficiência (PMO-LEYD), além de membros de outras instituições governamentais, de organizações de empregadores, de trabalhadores e da sociedade civil. Ao longo dos quatro dias de trabalho, os participantes compartilharam experiências nas áreas de seguridade social, inspeção do trabalho e combate ao trabalho infantil.

“Esta iniciativa de Cooperação Sul-Sul fortalece a cooperação entre os países e abre caminho para a articulação de diversas experiências brasileiras bem-sucedidas de erradicação do trabalho infantil, inclusão produtiva e promoção do emprego de jovens no setor de produção de algodão”, declarou a Comissária do Trabalho da Tanzânia, Hilda Kabissa, do PMO-LEYD.

Já o Especialista em Emprego da OIT em Dar es Salaam, Jealous Chirove, disse que “o apoio do Brasil à promoção do trabalho decente no setor do algodão é muito oportuno, uma vez que nos últimos anos o algodão é o segundo cultivo de exportação da Tanzânia, atrás apenas do café”.

A Secretária de Inspeção do Trabalho do Brasil, Maria Teresa Pacheco Jensen, destacou os esforços que viabilizaram esta cooperação e ressaltou que as políticas brasileiras de combate ao trabalho infantil e escravo começaram com o reconhecimento do problema pelo país e com o envolvimento direto da inspeção do trabalho.

Parceria entre OIT, Brasil e IBA

Antes da missão conjunta à Tanzânia em novembro, o projeto “Promoção do trabalho decente em países produtores de algodão na África e América Latina” realizou um estudo sobre os déficits de trabalho decente na cadeia produtiva do algodão no país africano, com o objetivo de identificar os principais desafios e oportunidades para subsidiar a elaboração do projeto trilateral de Cooperação Sul-Sul entre Tanzânia, Brasil e OIT.

O projeto executado de maneira coordenada entre a OIT, o Governo do Brasil e o IBA, visa promover o trabalho decente nos países produtores de algodão, através da sistematização, compartilhamento e adaptação de experiências brasileiras relevantes nos países interessados, em áreas como combate à pobreza e à discriminação, inclusão produtiva, diálogo social, prevenção e erradicação do trabalho infantil e do trabalho forçado, formalização do trabalho, promoção do emprego de jovens e da igualdade de gênero, raça e etnia. Além da Tanzânia, outros quatro países produtores de algodão fazem parte desta iniciativa de Cooperação Sul-Sul trilateral: Paraguai, Peru, Mali e Moçambique.