“Aprendiz na escola”, um programa que muda vidas no Ceará
Participantes de reunião anual da Iniciativa Regional América Latina e Caribe Livres de Trabalho Infantil visitaram a experiência de transição escola-trabalho em Fortaleza.
“Esta reunião é, sem dúvida, uma grande oportunidade para que duas agendas que estão intimamente ligadas na luta contra a pobreza e na aposta por um desenvolvimento inclusivo – a agenda dos setores de educação e de trabalho – encontrem um espaço de intercâmbio, cooperação Sul-Sul, coordenação e compromisso conjunto para cumprir seus objetivos”, afirmou o Diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Peter Poschen, durante a abertura da reunião.
Um dos propósitos principais do encontro, que contou com a presença de representantes dos Ministérios da Educação dos países membros da IR, era identificar possíveis ações conjuntas para combater o trabalho infantil e avançar para o cumprimento da meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU , o que por sua vez também terá impacto sobre o desempenho de seis das dez metas do ODS 4.
Tomar medidas imediatas e eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar com a escravidão moderna e o tráfico de pessoas, e assegurar a proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil, incluindo recrutamento e utilização de crianças-soldado, e até 2025 acabar com o trabalho infantil em todas as suas formas."
Meta 8.7, Agenda 2030 da ONU
Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos."
ODS 4, Agenda 2030 da ONU
Globalmente, entre 20% e 30% dos adolescentes e jovens adultos completam a transição para o mercado de trabalho aos 15 anos de idade."
Até o momento, 2.000 estudantes de nove municípios do Estado do Ceará foram beneficiados com formação profissional e mais de mil foram inseridos no mercado de trabalho.
Adolescentes entre 13 e 17 concentram os maiores índices de trabalho infantil, caracterizado por altas taxas de informalidade e ligados a atividades perigosas, que colocam sua segurança e desenvolvimento em sério risco."
A iniciativa ajudou a garantir a aprendizagem dos jovens durante o ensino médio para que eles adquiram os conhecimentos, habilidades e competências necessárias para se inserirem no mercado de trabalho de forma adequada. Além disso, foram observadas reduções significativas na evasão escolar.
Portanto, a experiência de Fortaleza demonstra a urgência de se encontrar, de maneira inter-setorial, formas de garantir a assistência, a retenção escolar e a conclusão dos estudos por crianças e adolescentes, para que eles tenham a oportunidade de inserção em empregos decentes quando atingirem a idade mínima permitida para o trabalho em seus países.
Leia abaixo alguns dos comentários dos participantes da reunião anual da IR sobre a experiência "Aprendiz na escola":
- "O projeto é excelente. Estes jovens têm ambições, um plano de vida e metas clara para o futuro. Quando conversamos com eles, eu lhes disse para trazerem outros como eles para o programa, pois oferece muitas oportunidades. A metodologia é muito boa e motiva os jovens a permanecerem na escola", Carmen Tait, Ponto Focal Regional de Trabalhadores.
- "Eu gostei de ver o entusiasmo dos rapazes do programa, que lutaram e superaram suas próprias limitações econômicas e dificuldades familiares e que têm o apoio de seus professores e uma oportunidade sincera oferecida pela empresa”, Lina Mejía, COHEP Honduras.
- “Eu adorei ver que a empresa não tem os aprendizes apenas para cumprir a norma, mas tem um compromisso real e que permite aos jovens crescerem pessoalmente e profissionalmente, de acordo com as suas capacidades. Constatou-se também que os jovens assumiram com muita responsabilidade as funções que lhes foram atribuídas pela empresa em sua cadeia de produção”, Juliana Manrique, ANDI Colômbia.
- “Este programa permite tirar muitos jovens dessas situações de conflito que os rodeiam em suas famílias. Me parece fantástico poder ampliar isso em um país como a Colômbia, onde temos cidades com altos índices de violência e esta iniciativa poderia fazer com que os jovens se interessem pelos estudos, pois fortalece sua formação e fornece ferramentas para o futuro. Isso é algo que pode ser facilmente adaptado a outros países”, Juliana Manrique, ANDI Colômbia.
- “Aqui se tem em conta o problema da juventude em relação à educação de nível médio. Fortaleza criou um lugar onde podem receber os estudantes que realmente não têm nenhuma possibilidade de continuar seus estudos, mostraram a estes jovens que eles podem fazer algo”, Maxime Mesilas, Diretor de Ensino Secundário do Haiti.
- “Há duas palavras-chave para descrever esta experiência: compromisso e oportunidade. A empresa e a escola estão comprometidas em criar alternativas para esses jovens que vivem em condições difíceis. Os jovens têm a oportunidade de fazer uma diferença no mundo e em sua vida, mostrar suas capacidades com o que aprenderam”, Karen Vansluytman, Ponto Focal da Iniciativa Regional, e Vickram Mohabir, do Ministério da Educação de Guiana.